descrito.

escrito o verso, um embrião léxico. sintático pela diferença, refaço o nexo. 
um corpo em texto, do passado ao agora, dão sentido ao tempo.
fosse ontem, as palavras dançariam na maresia.
fosse hoje, as palavras preencheriam o luar.
no sarau das letras, as palavras embalam o nexo do dizer.
- disse a quem? a quem poderia escrever?
as palavras dizem. as palavras desenham o peito.
oras por entusiasmos, por fascínio, por piedade
 
ou por transbordar o feitiço do som.
as palavras apagam meu eu, 
esquece o agora, as tarefas, os prazos,
perdi o passado, o futuro e nós.
a palavra efêmera, goza minha boca 
em um jato só. lambendo as outras palavras
que no peito palpitam o ritmo do desejo.
na margem, as palavras 
dizem o tudo, o nada e o caos.
a palavra fim?
repete no peito, e em reticências me esqueço 
das palavras que rasgam o peito.

dm.

[18 de setembro de 2016]

artista desconhecido. 



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