Aquário.

Sobe as ruas de pedras sabão,
Desce calçadas barrocas em vão.
Os olhos passam e param.
Lentos ou rápidos
- Vejam! Um deslize na fachada.

O aquário da calçada,
Do chafariz, janela ou porta
Como se comporta?
Há peixes esfomeados
Com olhos atentos no cotidiano estranho
Transmutam uma respiração profunda
Do mundo novo.

A era de aquário modifica
O tempo escasso nosso.
Lento.
Pausado.
A era de aquário dança 
O silêncio descalço.

Caminha a nova era. Os estranhos nos percebem.
De longe, a curiosidade nos atravessa.
Perpassa a imensidão
Do cotidiano mundo azul.

A era da metamorfose 
Abraça o sentido do tempo escasso.
Refletindo o silêncio da embarcação
Segue em sutil sua viagem.

Naufragam...
Despercebidos e distraídos.
Despertam...
Além-mundo, nadam
Um aquário particular.

Navegam no tempo.
Os peixes soltos
Respiram no contra tempo do corpo
Os ecos de cores em liberdade.
Os peixes soltos
Mergulham no cotidiano do desejo
Afundam o frenesi dessentido.
Querem mais e mais.

Os peixes soltos
Beijam a rotina etérea do tempo.  
De uma janela a outra,
Os peixes soltos
Persistem de uma janela a outra.

Seus corpos vivos
Dançam a liberdade.
Dançam a expressão do ser:
A ânsia,
O acaso,
A nova era e
A revolta do viver.

Poesia inspirada no trabalho do coletivo de investigação em dança – anticorpos, a vídeo intervenção Não Alimente os Peixes. A estreia aconteceu no Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana 2018 – Tropicália.



Comentários

Postagens mais visitadas