carta de despedida ou a constante tentativa para lembrar de você II

Sinto em lhe dizer que você não me ama. Talvez você queria a minha atenção ou o que posso te oferecer quando dedico meus versos a você. Mas, não... Isso não pode ser nem considerado amor. Talvez resquícios de uma longa caminhada onde o silêncio do passado te pesou por dentro. Mas amor? Não, não pode ser amor reduzir as conversas ansiosas para serem ouvidas, a um trato distante e falso daquilo que você realmente sente. Não, sinto em admitir que você não me ama. Talvez o que te cobiça seja minha dedicação e meu olhar para você, mas não... Não, não podemos supor que isso seja amor. 


Seria injusto comigo, ou contigo... seria injusto pela nossa caminhada até aqui. Seria justo lembrar do nosso ultimo beijo? Daquela noite que você se apresentou por inteiro confiando no futuro que prometi a ti. Seus olhos sorriam quando segurava meu braço, e novamente o brinde com cachaça marcava nosso encontro. Me despeço de você de novo... Me despedi ontem, de novo... E agora, mais uma vez... Me despedia enquanto esperava o tempo passar dentro do ônibus. Seu sorriso me visitava, e nossas conversas daquela noite eram motivos de suspiros... Meu braço segurava o seu, e o tempo passou tão rápido quando me lembro de tudo. Você com ar de mistérios, cultivava algo no canto da boca que me perco só de lembrar das histórias que eu... me via tão pequena ao seu lado, dentro do seu abraço. Mas isso seria amor? 


É tão confuso quanto turvo tudo que quero dizer, mas amor? Isso é amor? Talvez seja o desejo de me convencer por dentro, que talvez você foi a pessoa a quem não dediquei meu tempo, que estava ali para receber minhas calorosas mordidas e dizer que sim... Que nosso abraço é algo leve, que nosso beijo é entrada para me aconchegar no seu corpo e... Me entregar as memórias que um dia prometi que seriam nós. Mas isso é amor? Teu riso frouxo repetindo a mesma piada quando me via, e fazendo o que podia quando eu não me amava o bastante para ser sua... Mas amor? Não sei, sinto em admitir que talvez não seja amor... Talvez seja meu capricho de ter razão, ou minha obsessão pelas palavras que são para você... Mas amor leva tempo, amor é sorte... é cuidado. E hoje, sinto em perceber mas, talvez isso não seja amor. 


dm. 


Jaider Esbell, obra sem titulo, 2021


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