CHEIRO DE ONÇA
Por que quando visto de mim, você ainda assim, insinua que estou fantasiada? Por que insisti e cala, mais uma vez, a nossa voz coletivada? Se você não conhece a história do seu próprio país, porque arrota referência? Categoriza? E continua a sina assassinando quem te pariu?
Vocês adestraram nossos livros, nossos conhecimentos empíricos na busca de quem lucra mais! E quantos mais? Sacrificadas, queimadas, estupradas e jogadas nos nossos rios ancestrais?
Nas cores dessa terra renascemos, como sementes vivas dessa luta que para nós, é rotina!
Segundo grito. Em silêncio te escuto:
Vai me dizer que tu agora é índia? Então qual é a sua etnia? Sabe dançar toré? Como que fala bom dia na sua língua? Será que você não está querendo ser algo que não é? Até que sua pele é vermelha... Com cabelo grande até que lembra...
São tantos os ataques que esse terra testemunha a tua maldade. Sou filha do apagamento, estado genocídio que para curar a própria dor, quer inventar o que é índio. Sintoma etnocídio. Que para estar aqui, família fugiu, lutou e resistiu ao teu laço. Seu modo violência romantizado.
dm.

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