O ÚLTIMO SUSPIRO DO MESSIAS


O ÚLTIMO SUSPIRO DO MESSIAS

Ao ver aquele sujeito prostrado ao chão, o mensageiro cumpria seu trabalho em esperar qualquer pronúncia que viera de seus lábios. O sujeito apenas chorava reclamando de uma dor de cabeça absurda. Indagava ao mensageiro para pedir ajuda, estava nítido que ele não poderia caminhar. Falava incessantemente que não sabia o que estava fazendo, que precisava de ajuda.

- E daí?

Assustado o sujeito tentou levantar levemente a cabeça para ao mensageiro, sem acreditar que a indiferença o tinha recebido. Questionou se não haveria humanidade em suas ações.

- Você pensa que eu sou coveiro?

A indagação e a dor de cabeça aumentava incessantemente. “Pelo amor de Deus!” eram as palavras que ressoava em vão naquele espaço escuro e pequeno. Quando percebeu que o mensageiro caminhava, suplicou ao menos que se apresentasse.

- Eu sou Exu.

Assustado o sujeito tentou levar a mão em sua frente com o sinal da cruz, declamando sua crença e reza diante a recepção do mensageiro. Cada vez que suas palavras eclodiam naquele quarto úmido e escuro, Exu aproximava do rosto do sujeito e ria constantemente.

- Não adianta suplicar, primeiro você precisa pagar todo o mal que fez!

- Pagar?

- Há sangue em suas mãos que não são seus. Sei que não dormia direito, pois havia um nome que sempre voltava em sua mente. Ela estava presente! E você? Enganou milhares de pessoas a favor do ódio, da ganância, contaminou milhares de pessoas. Agora clama o seu deus? Cadê seu Deus agora?

O sujeito rastejava no quarto fechado, visivelmente desolado, jogava seu corpo na parede. Talvez fosse desespero ou alguma saída para aquela dor de cabeça passar. Cada vez que seu corpo era lançado naquelas paredes sujas de sangue, o sujeito gritava, suplicava, automutilava, repetindo a frase, “Eu não sei o que fiz!”. Após o ultimo enfrentamento contra aqueles blocos de tijolos firmemente levantados, o sujeito apagou.

Do outro lado do quarto ouviu a risada de Exu ganhar maior dimensão. “Você não entendeu? Você morreu Bolsonaro! Acabou, você não é o presidente mais. Acabou Bolsonaro!”

dm. 

Um Estudo em Vermelho. Batismo #1. Fotografia Digital. Ventura Profana





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